Aposto que você ouviu a
palavra exclusão 1 milhão de vezes, e até acha um absurdo quem pratica tal ato,
mas e sobre inclusão perversa? Que raio de nome é esse?
A exclusão como todos estão
cansados de saber, é o ato de excluir alguém, parece até óbvio, porém mais do
que o ato de excluir, é também a condições de várias pessoas na nossa
sociedade: negros, pobres, deficientes. São pessoas que não têm acesso ao
lazer, educação, saúde de qualidade. No caso do deficiente, você pode ter
dinheiro, mas pode não encontrar um lugar para teu filho fazer aula judô, ou
você queria uma escola especial, mas ela não existe no lugar em que você mora.
Excluir é privar e não dar condições de alguém fazer a mesma coisa que todos
nós podemos fazer.
E aí você pensa "triste
mesmo, um absurdo as pessoas excluírem os outros, ainda bem que eu nunca fiz
isso", mas calma aí que "o buraco é mais embaixo". Vamos falar
um pouquinho sobre inclusão perversa. Este tipo de inclusão é uma inclusão que
dá as coisas pela metade, ela inclui mas não cria um ambiente favorável para
que a pessoa se sinta bem.
No banco tem fila
preferencial, mas se nesta fila preferencial estiverem 10 idosos, 5
deficientes, 3 mães com bebês no colo, eles vão ficar esperando na fila
praticamente o mesmo tanto que as outras pessoas, deram um caixa só para eles,
mas não levaram em consideração que essas pessoas não podem ficar muito tempo
em pé e que talvez seria mais cômodo colocar cadeiras de espera e fazer um
sistema de senha.
Outro exemplo, a famosa escola
inclusiva, aquela que nós costumamos falar usando aspas, seu filho até pode ser
matriculado, mas muitas vezes a escola não tem um plano pedagógico feito para a
criança especial, os professores não estão preparados para atender uma criança
que vai ter dificuldades para aprender, se a criança tiver deficiência física,
provavelmente vai ser privada de várias atividades, porque as vezes a escola só
tem escada, e estar junto de outras crianças não significa fazer parte de tudo
que está acontecendo, ela apenas está ali dividindo o mesmo espaço físico.
Por fim, a inclusão perversa é
muito pior do que a exclusão. A exclusão não usa máscara e nem fantasia, ela
diz em alto e bom som "NÃO QUERO VOCÊ AQUI", ela não faz muita
questão de se esconder, agora a inclusão perversa se fantasia de algo bonito
para fazer a mesma coisa que a exclusão, ela diz de forma bem sutil "você
pode matricular seu filho na nossa escola, mas isso não significa que vamos
tratá-lo bem ou que vamos dar condições para que ele aprenda igual às outras
crianças", "pessoa pobre, está aqui o seu emprego, mas vamos fazer de
conta que isso não é um trabalho escravo, fique feliz, agora você terá dinheiro
para comprar arroz e não morrer de fome", " tudo bem criança
(qualquer deficiência), você pode ficar aqui enquanto nós brincamos, mas isso
não quer dizer que queremos ser seu amigo". A inclusão perversa engana as
pessoas, faz com que achemos que está tudo bem e que tudo está caminhando para
o respeito ao próximo. Mas será que as vezes nós também não praticamos esse
tipo de inclusão sem nos darmos conta?
Camila Pavan
Arquiteta
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