quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Exclusão x inclusão perversa




Aposto que você ouviu a palavra exclusão 1 milhão de vezes, e até acha um absurdo quem pratica tal ato, mas e sobre inclusão perversa? Que raio de nome é esse?

A exclusão como todos estão cansados de saber, é o ato de excluir alguém, parece até óbvio, porém mais do que o ato de excluir, é também a condições de várias pessoas na nossa sociedade: negros, pobres, deficientes. São pessoas que não têm acesso ao lazer, educação, saúde de qualidade. No caso do deficiente, você pode ter dinheiro, mas pode não encontrar um lugar para teu filho fazer aula judô, ou você queria uma escola especial, mas ela não existe no lugar em que você mora. Excluir é privar e não dar condições de alguém fazer a mesma coisa que todos nós podemos fazer.

E aí você pensa "triste mesmo, um absurdo as pessoas excluírem os outros, ainda bem que eu nunca fiz isso", mas calma aí que "o buraco é mais embaixo". Vamos falar um pouquinho sobre inclusão perversa. Este tipo de inclusão é uma inclusão que dá as coisas pela metade, ela inclui mas não cria um ambiente favorável para que a pessoa se sinta bem.

No banco tem fila preferencial, mas se nesta fila preferencial estiverem 10 idosos, 5 deficientes, 3 mães com bebês no colo, eles vão ficar esperando na fila praticamente o mesmo tanto que as outras pessoas, deram um caixa só para eles, mas não levaram em consideração que essas pessoas não podem ficar muito tempo em pé e que talvez seria mais cômodo colocar cadeiras de espera e fazer um sistema de senha.

Outro exemplo, a famosa escola inclusiva, aquela que nós costumamos falar usando aspas, seu filho até pode ser matriculado, mas muitas vezes a escola não tem um plano pedagógico feito para a criança especial, os professores não estão preparados para atender uma criança que vai ter dificuldades para aprender, se a criança tiver deficiência física, provavelmente vai ser privada de várias atividades, porque as vezes a escola só tem escada, e estar junto de outras crianças não significa fazer parte de tudo que está acontecendo, ela apenas está ali dividindo o mesmo espaço físico.


Por fim, a inclusão perversa é muito pior do que a exclusão. A exclusão não usa máscara e nem fantasia, ela diz em alto e bom som "NÃO QUERO VOCÊ AQUI", ela não faz muita questão de se esconder, agora a inclusão perversa se fantasia de algo bonito para fazer a mesma coisa que a exclusão, ela diz de forma bem sutil "você pode matricular seu filho na nossa escola, mas isso não significa que vamos tratá-lo bem ou que vamos dar condições para que ele aprenda igual às outras crianças", "pessoa pobre, está aqui o seu emprego, mas vamos fazer de conta que isso não é um trabalho escravo, fique feliz, agora você terá dinheiro para comprar arroz e não morrer de fome", " tudo bem criança (qualquer deficiência), você pode ficar aqui enquanto nós brincamos, mas isso não quer dizer que queremos ser seu amigo". A inclusão perversa engana as pessoas, faz com que achemos que está tudo bem e que tudo está caminhando para o respeito ao próximo. Mas será que as vezes nós também não praticamos esse tipo de inclusão sem nos darmos conta?


Camila Pavan
Arquiteta 


Nenhum comentário:

Postar um comentário