segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Individualidades...


Moça diante do espelho. Pablo Picasso, 1932.
Fonte: http://www.allposters.com.br/-sp/Moca-diante-de-espelho-cerca-de-1932-posters_i8092691_.htm


Se for para ser um plágio, que seja de você, mesmo. Afinal copiar a si é justo, logo aos outros é inútil. Portanto aprender é uma direção e copiar é outra, então vamos evoluir...
(Ru Aisó)


O que nos define como seres únicos é o fato de não existir nenhum ser humano, mesmo gêmeos idênticos, que seja igual a outro na sua personalidade, na sua peculiaridade, nas suas maneiras de reagir e se posicionar diante da vida.


Cada um foi dotado, no momento da concepção, com características físicas e emocionais que fazem de nós, apesar de muitas vezes sermos semelhantes, exemplares únicos dentro de uma mesma espécie.

Sendo assim, a maneira como cada um reage às mais diversas circunstâncias a que é submetido no decorrer da existência é peculiar à personalidade de cada um. Não é possível esperar reações iguais de seres desiguais no que tange aos modos de agir e de pensar. Somos únicos e, como tais, únicas também são nossas emoções.

É certo, porém, que muitas vezes elegemos alguém em quem nos espelhar durante nossa caminhada rumo à firmação como pessoas. É óbvio que esse alguém sempre será aquela pessoa objeto da nossa mais profunda admiração, pois, se "copiamos", é porque sentimos vontade de nos assemelhar a ela pelas mais diversas razões. Isso é absolutamente normal e começa a ocorrer desde a  mais tenra idade, quando passamos a imitar comportamentos, tanto é que a máxima "não se educa por palavras, mas sim, por exemplos" é pautada na necessidade de termos um modelo a seguir.

Todavia, isso deixa de ser saudável quando a pessoa deixa de viver a sua própria vida, de exprimir seus próprios sentimentos, de se expressar de acordo com valores próprios diante das mais diversas circunstâncias, para assumir a personalidade de outrem e passar a agir e a viver como se fosse uma extensão dele. 

Nos transformar em um clone, em uma cópia, é o pior que podemos fazer com a nossa personalidade, pois ao abrir mão de sermos autênticos e verdadeiros, passamos a ser uma caricatura daquele que elegemos como nosso espelho, o que é deprimente e doloroso.

Ninguém tem de mudar para agradar ninguém. Ninguém precisa abrir mão de ser quem é realmente a fim de obter a aprovação dos outros. Ninguém necessita reprimir sua própria personalidade para ser aceito por quem quer que seja. O desejo de mudança é saudável quando parte de nós mesmos, quando percebemos que traços contidos em nós nos incomodam a ponto de despertar o desejo de transformação. Mudar, sim, mas mudar por nós, pois, só assim, isso nos trará contentamento e amadurecimento emocional.


Ser um plágio de outra pessoa é aviltante à essência de seres especiais e exclusivos, dotados de capacidade de escolha, de articulação e únicos em  emoções e sentimentos.

Bete Tezine


"A arte, em todas as suas formas de expressão, tem o poder de mudar os rumos de uma história que desde o começo estava fadada ao fracasso..." 
 (Bete Tezine)

Nascida em Santo André, SP, 48 anos, advogada, artista plástica, professora universitária de Artes Plásticas, mãe de 2 filhos (1 adulto e 1 adolescente), diagnosticada com Esclerose Múltipla em fevereiro de 2012 e atual presidente da ABCEM



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