sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A vida está só começando...


Operários, Tarsila do amaral, 1933.
Fonte: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/05/22/934979/conheca-operarios-tarsila-do-amaral.html

Olá!

Em um determinado momento da vida de algumas pessoas, elas se deparam com algum tipo de enfermidade e, neste caso em específico, falo da esclerose múltipla que na maioria das vezes as pessoas acometidas são jovens que, começando suas vidas economicamente ativas, são surpreendidos de repente por ela.

Pessoas que muitas vezes estão no início do curso universitário ou então, recebendo teus diplomas e iniciando tuas carreiras.

E aí, o que fazer???????

Primeiramente, vai depender da maneira que essa pessoa foi atingida, tanto física quanto psicologicamente, depois é respirar e partir para a vida...

Realmente, não é uma situação fácil, pois, inicialmente, o diagnosticado tem que ter seu período de luto para depois aceitar a nova situação que a vida lhe impôs.

Não, não há uma receita pronta, mas há em primeiro lugar a fé, a família e amigos, amigos verdadeiros, depois bons neurologistas, psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, urologistas e tudo o mais que você precisar.

Realmente não é fácil, dependendo do quadro que a pessoa está, se recompor e recomeçar, mas este reinício é preciso, e necessário!

Vou lhes contar meu caso em particular.  Já havia cursado História e ingressei, então, no curso de Pedagogia a distância por um acaso ou providência divina, como preferir,  quando estava indo para o último ano, escrevendo o TCC - Trabalho de Conclusão de Curso,  fui acometida pela EM. Fiquei sem andar, falar, ler, escrever e perdi toda a cognição.

Qual foi a atitude tomada por minha família?

Em um primeiro momento, avisar meu trabalho, pois sou professora,  e trancar o curso que estava fazendo.

Em um segundo momento, já com minhas faculdades mentais retomadas, mas não os movimentos, a fala e a coerência, quis retomar minha matrícula, já que excetuando minha família e meu noivo, minha faculdade e meu trabalho era o que mais amava, então esta era minha real e prática preocupação.

Para o serviço não pude voltar, mas para a faculdade,  graças a Deus, a minha mãe, ao meu noivo e a uma amiga, sim!

Não, não foi simples, mas possível. Já havia lido alguns livros e escrito grande parte do trabalho e houve a participação de uma amiga de curso e, hoje em dia, de vida, a Débora. Fizemos o trabalho juntas, então, foi um trabalho feito a muitas mentes e raciocínios.

Eu, com dificuldades para me expressar, tentava ditar, minha mãe traduzia o que eu falava, me ensinava ler e escrever novamente e, meu noivo, me ensinava a digitar e organizava a coerência e a transcrição do texto.

A Débora fazia alguns de meus trabalhos e a parte que lhe cabia do TCC e as filhas dela também organizavam o trabalho.

Fomos e defendemos o trabalho, em plena euforia de uma pulso de solumedrol, mas, enfim, APROVADAS!

Terminava aí um ciclo de minha vida que estava só começando. Era, finalmente, a pedagoga que me preparei para ser.

Se voltei a lecionar? Não, não na escola como remunerada, mas em casa, numa classe que montei para dar aulas voluntárias. Um aluno por dia, sentada, mas com a mente funcionando e me sentido útil para a sociedade.

E é isto que importa realmente, o quanto você faz o que gosta,  o quanto isto lhe faz bem e quais os benefícios que você traz ao próximo.

Se parei com os estudos? Não, não parei e penso um dia cursar Letras, outra de minhas paixões, mas vamos descobrindo que as prioridades em nossas vidas mudam e somos surpreendidos por novas vontades e necessidades.

Neste novo cenário de vida que a  esclerose me colocou e novas pessoas me apresentou, conheci centenas de paciente e, inclusive, conheço-os pessoalmente, e digo aqui que conheço desde donas de casa, bancários, motoboys, médicos, professores, advogados e N outras profissões de pessoas que estão na ativa e muito bem.

Portanto, não é por que você tem esclerose múltipla que você necessariamente terá que se aposentar, afinal, como disse no início, tua vida está só começando.

Sim, algumas pessoas tem a necessidade de se aposentar, o que não é fácil, o INSS dificulta ao máximo, a renda cai significativamente e você se vê obrigado a mudar teu padrão de vida, ou seja,  não é bom ficar em casa como muitos pensam,
mas se isso se fizer necessário, guarde todos os teus exames, faça um histórico de tua vida hospitalar pós-esclerose, e depois vá atrás de teus direitos.

Mas, ressalto aqui, não é porque você tem EM que terá que parar tua vida social e profissional, afinal, elas estão só começando.

Eu era uma pessoa muito afobada, queria dominar o futuro. Com as adversidades, descobri que o importante é sermos felizes hoje. Claro, temos que  ter nossas profissões, mas se preocupe com o que você pode ter e fazer agora!

E creio que entenderam o por que disse lá no começo que por obra do acaso ou milagre divino estava cursado uma faculdade à distância, pois se fosse presencial,  não teria sido possível e eu não teria conseguido me formar.

Portanto, não queira entender o porquê de todas as coisas, viva e seja feliz hoje! Carpe Diem!


Força, foco e fé sempre!

Evelyn Cristina
Pedagoga e mãe do Zeca




Me chamo Evelyn Cristina, tenho 33 anos, sou pedagoga por amor e vocação e mãe de um lindo menino. 
Aos 25 anos de idade, descobriu-se em mim a esclerose múltipla. Foi aí que precisei de um tempo para apreender como viver para, assim, viver com os constantes  desafios que a vida me impõe. E, hoje, vivo cada instante com muita fé, resiliência e amor.










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