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Na minha infância e adolescência, havia um
desenho animado na televisão que retratava um par de amigos, sendo um leão e
uma hiena. A característica marcante do leão era de ser um otimista insuperável,
mas ou menos como aquela pessoa que ganha uma lata de esterco e sai procurando
o cavalo. Já a hiena era um daqueles pessimistas que acredita que tudo de ruim
deve acontecer com ele, parecendo aquela pessoa que ganhou uma bicicleta e sai
pensando no tombo. Logicamente, era um estereótipo exagerado que visava mostrar
as reações humanas quando enfrentam algum problema.
Posso afirmar para vocês que já
estive nos dois papéis durante a minha vida. Em determinadas ocasiões eu era
uma perfeita hiena, prevendo os desastres que poderiam acontecer comigo, fosse
no campo pessoal, profissional, amoroso e até mesmo no campo esportivo.
Lembro-me de que quando comecei minha vida profissional em uma empresa e no
segundo mês que lá eu estava ouvi um comentário na rádio peão (nome dado à central de boatos que habitam uma empresa) sobre um corte de pessoal que
haveria no mês seguinte, lá fui eu para casa pensando que teria que tentar
conseguir outro emprego e já me desesperando por ter feito algumas compras, desde
aquela época já a crediário, pensando em como faria o pagamento das prestações. Foram algumas noites de sono conturbado para, no final, verificar que
simplesmente era uma adequação no quadro de funcionários da linha de montagem,
tendo havido transferência de funcionários para outras áreas que possuíam
necessidade de aumento de quadro.
No outro extremo, quando se
tem uma visão super otimista do que pode ocorrer também ficamos vulneráveis. Lembro-me
de que na época que isso aconteceu, a grande onda do momento era a loteria
esportiva e os resultados que eram vinculados pelo Fantástico com a famosa zebrinha.
Estávamos em um domingo à noite na casa de uma colega em um daqueles famosos
bailinhos onde um grupo de amigos e amigas reuniam-se na casa de algum deles,
colocávamos discos nas famosas vitrolas e passávamos algumas horas dançando.
Pois bem, naquela noite estávamos no bailinho, eu, meu irmão e mais quatro
colegas e havíamos feito um jogo da loteria esportiva. Quando começou o anúncio
dos resultados começamos a nos entusiasmar pois estávamos acertando todos os prognósticos,
por último, no jogo em que havíamos colocado vitória de um time sem nenhuma
expressão sobre um dos grandes times brasileiros, apareceu a zebrinha e nós
havíamos feitos 13 pontos. Saímos e fomos diretamente
para uma lanchonete da cidade para comemorar o fato de estarmos ficando
milionários. No dia seguinte, a primeira providência foi olhar o jornal para ver
o número de acertadores e a enorme quantia que estaríamos colocando no bolso. Haviam
acertados os 13 jogos dez mil e duzentas e poucas pessoas, sendo que a cada
uma delas destinaram-se um total de, a dinheiro de hoje, algo em torno de R$ 200,00
e como havíamos feito o jogo em seis pessoas, cada um de nós recebeu aproximadamente
R$ 33,00.
Dessas experiências fui
tirando as lições para todo o resto que acontece nas nossas vidas. Temos o
hábito de sofrer por antecipação ou então ficar eufóricos por achar que nos
daremos bem ou teremos um resultado favorável naquilo que fazemos ou que sentimos.
Aprendi a não antecipar resultado daquilo que me acontece, não significando
isto que eu não planeje ao menos aquilo que faz parte dos meus objetivos. Aprendi
também que pessoas que somente reclamam da vida, das coisas que lhe acontecem,
que se lamuriam até mesmo pelos momentos felizes que não significarão tudo que
eles queriam somente conseguem afastar de si as pessoas que com elas convivem
e que poderiam, de alguma forma, contribuir para um resultado mais agradável
naquilo que querem fazer.
Otimismo exagerado também
afasta pessoas de nosso círculo, pois muitas vezes somos considerados esses
insensatos que não tomam um cuidado necessário para realizar qualquer coisa.
Embora muita gente diga que as pessoas que procuram o equilíbrio entre os dois
extremos sejam consideradas como pessoas sem opinião ou, usando uma metáfora
utilizada na política, ficam em cima do muro, continuo acreditando que a melhor
condição para qualquer ser humano é tender ao centro.
Voltando aos nossos dois
personagens do início, procure sempre que possível chorar no particular e
gargalhar em público. Tenho certeza que você conseguirá ser muito mais feliz
agindo dessa forma.
Abraços e até o próximo mês!
Wilson Gomiero
Conselheiro do CONADE
Wilson Gomiero foi o primeiro presidente do Grupo do Alto Tietê de Esclerose Múltipla (Gatem), entidade oficializada em 2002, que contava com doze pacientes. Em 2004, com 28 pacientes, conseguiu do governo estadual uma sala para ser usada como sede e para atendimento de pacientes. Conquistou parcerias com laboratórios fabricantes de medicamentos. Em 2005, a Prefeitura de Mogi das Cruzes possibilitou a locação de uma residência para a sede do Gatem. Em 2006, atendia 64 pacientes na nova sede. O Gatem passou a promover anualmente um simpósio para estudantes e profissionais das áreas de fisioterapia, psicologia e neurologia com o objetivo de informar e conscientizar sobre a esclerose múltipla e outras doenças raras do sistema nervoso central.Foi presidente do Conselho Municipal dos Assuntos da Pessoa com Deficiência de Mogi das Cruzes (2002 a 2006); presidente da Federação Brasileira de Associações Civis de Portadores de Esclerose Múltipla (Febrapem) (2008-2011); integrante da Comissão Organizadora da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência; co-autor do Manual para Criação de Conselhos Municipais, lançado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; membro da Comissão de Orçamento e Finanças do CONADE (2013-2014). É membro do Grupo de Trabalho para Elaboração de Políticas para Atendimento a Doenças Raras (desde 2011), membro da Comissão de Implementação das Políticas para Habilitação e Reabilitação da Pessoa com Deficiência e conselheiro do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE), em Brasília, como representante de todos os Conselhos Municipais do Brasil. Ativista e defensor dos direitos das pessoas com deficiência, especialmente dos portadores de esclerose múltipla e de doenças raras, Gomiero atua no grupo de trabalho do Ministério da Saúde, que produziu pela primeira vez na história do Sistema Único de Saúde (SUS), uma Política Nacional de Cuidados à Saúde para Pessoas com Doenças Raras e, também, no Plano de Ação para Saúde das Pessoas com Deficiência (2014/2021) da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Perfeito !
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