quarta-feira, 2 de março de 2016

Fazendo o bem a nós mesmos

Fonte: Google imagens


É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades 
de se fazer o bem a si mesmo e aos outros.


(Dalai Lama)


Para quem ainda não me conhece, me chamo Bete Tezine, tenho 48 anos, 2 filhos, sendo 1 rapaz com 23 anos e uma adolescente de 16, sou advogada (não atuante), artista plástica, professora de Artes Plásticas em uma universidade e, após ter sido diagnosticada com Esclerose Múltipla, em fevereiro de 2012, talvez por desespero de causa por ter me visto sem perspectiva de atuar na função para a qual nasci, lecionar, eu me propus a escrever um blog, o Minhas escleroses,e de lá para cá, escrever tem feito parte da minha vida.

Eu posso dizer que hoje, após 4 anos de ter descoberto o nome do que já vinha me acompanhando por tanto tempo, estou na melhor fase da minha vida, sem qualquer traço de demagogia, pois tenho me possibilitado resgatar algumas alegrias que acreditava não me serem mais permitidas.

Se senti dó de mim mesma quando ouvi da neurologista que as suspeitas haviam se confirmado? Mas é claro que senti! E senti muita por sinal! Eu, por mais que tenha negado, mergulhei em um poço de autopiedade e hoje sei que nem foi pelo infortúnio da doença, mas sim por ter deixado de acreditar em mim mesma e na minha capacidade de dar a volta por cima. 

Minha vida sempre foi composta por curvas, aclives e declives acentuados. Por tantas vezes eu patinei sem ter saído do lugar, por tantas outras eu derrapei, saí da estrada, quase capotei, mas retomei meu caminho, embora com avarias, e me pus a andar novamente.

E assim, entre perdas e ganhos, risos e lágrimas, um dia despertei e percebi que permanecer de pé, mesmo com um prognóstico não tão bom quanto eu almejava, não dependia mais do acaso, nem dos desmandos da minha, agora conhecida, companheira de vida. Permanecer de pé, nesta altura da minha trajetória, só dependia de mim. Então eu me levantei, reassumi as rédeas do meu destino e, como em uma conspiração entre mim e o universo, as coisas passaram a acontecer. Eu deixei de ser a espectadora de meu desencanto e passei a ser protagonista de uma nova realidade.

Se tudo ficou cor de rosa? Mas é óbvio que não! Pois eu tenho meus dias cinzas, meus dias de dores, fadiga, fraquezas e vontade de voltar a sentir pena de mim mesma novamente. Mas, os dias ensolarados passaram a ser mais constantes e em maior número quando eu me propus a me doar a uma causa e a lutar para que ela possa ganhar contornos cada vez mais visíveis e paupáveis e, esta causa, se chama ABCEM, que tem me feito comprovar algo que eu já suspeitava: quando nos propomos a trabalhar pelo próximo, com amor e dedicação, nós sempre seremos os maiores beneficiados.

Ter Esclerose Múltipla não é uma tarefa fácil, por vezes ela é quase impossível, porém, quando acreditamos que podemos e que ainda temos condições de prosseguir com nossos sonhos, mesmo que nosso corpo não tenha mais a mesma potência de antes ou nossas habilidades precisem ser adaptadas a nossa nova realidade, nós vamos descobrindo o quanto ainda podemos produzir e realizar pelos outros e, principalmente, por nós mesmos.

A vida não acaba quando recebemos o diagnóstico de uma patologia incurável e tão complexa quanto a EM, ela simplesmente, por vezes, assume novas possibilidades, nos obrigando à reinvenções a fim de permanecermos no comando das nossas vontades. Se isso é fácil? Evidentemente que não! Mas o que é fácil neste mundo? O que nos chega de mão beijada? Bem pouca coisa, não é mesmo? 

Eu não ouso afirmar que redesenhar nossos sonhos, retraçar projetos e readaptar alguns outros seja tarefa simples, pois seria hipócrita da minha parte, mas o que eu afirmo é que nós continuamos capazes de realizar coisas que, quando do diagnóstico, não supomos mais ser possível. Muitas vezes, é evidente, precisamos de ajuda, mas sempre, se quisermos, seremos o principal agente da nossa história.

A Esclerose Múltipla não pode roubar a nossa essência jamais. Nem ela e nem ninguém. Por isso eu lhe convido a repensar suas possibilidades caso você imagine que a você só resta ir sobrevivendo, pois assim como eu redescobri o quanto ainda posso realizar, você também redescobrirá que tem a plena capacidade de resgatar cada um dos seus sonhos.

Nós temos direito à felicidade!

Beijos carinhosos!


Bete Tezine

Um comentário:

  1. Querida amiga Bete Tezine, grata por esse maravilhoso depoimento que você nos presenteou!
    Estar ao seu lado na diretoria executiva da ABCEM se tornou uma alegria diária ou até mais que isso, todos os momentos que trocamos amiga, nos enriquecem tanto nessa jornada chamada vida, que cada dia agradeço mais este presente que a ABCEM em nossas vidas.......vem amiga....me dá sua mão..que vamos brilhar muito ......fazer brilhar a ABCEM e todos os que caminham conosco.....nessa linda trilha de LUZ e AMOR...chamada ABCEM - ABC Esclerose Múltipla.

    Gratidão ao Universo e todos que iluminam conosco o caminhar da ABCEM
    Namastê
    Super beijo no seu coração amiga....aprendo muito com você!
    Suzete Zanatta

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