Fonte: Google imagens |
Quem nunca salivou diante de
um prato de comida que atire a primeira pedra. Quem nunca sentiu a boca inundar
ao imaginar um pedaço de seu bolo predileto? A salivação, nessa situação, é um
comando do cérebro para auxiliar na formação do bolo alimentar. Imagino que
muitos estejam se perguntando o que, exatamente, seja o bolo alimentar.
Para entendermos o que é o
bolo alimentar precisamos conhecer o processo de deglutição do alimento. Todo
processo tem início com a mastigação. É nesse momento que o alimento é partido,
triturado e moído, ligando-se pela ação da saliva. E é essa mistura que recebe
o nome de bolo alimentar. O bolo alimentar é o que deverá ser deglutido. Esse
processo sofre ação muscular, é comandado pelo cérebro e é consciente.
Quando deglutido o alimento
desce pela faringe (garganta) e é ai que mora o perigo. Se esse alimento pega o
caminho errado e, ao invés de ir para o esôfago para chegar ao estômago ele vai
para traqueia, que é o caminho que levará esse alimento para os pulmões. A
proteção da traqueia é realizada pela epiglote (cartilagem da laringe) que tem
ação semelhante a de uma porta, fechando a passagem em direção ao pulmão e
conduzindo o alimento para o esôfago. Nessa fase o processo de deglutição sofre
ação muscular, mas é automático, não temos como comandá-los. Assista a esse
vídeo, tenho certeza que irá gostar: (clique aqui para assistir).
Mas o que a esclerose múltipla
(EM) tem a ver com tudo isso? Como já sabemos a esclerose múltipla é uma doença
desmielinizante (para maiores esclarecimentos veja a coluna do Dr. Marcelo
Alfredo (clique aqui para ler) que causa o comprometimento da transmissão do impulso nervoso para diversas
regiões do corpo, especialmente músculos, o que leva a sintomas como espasticidade e fraqueza
muscular. Sendo a deglutição comandada por impulsos nervosos que agirão nos
músculos, a disfagia, nome dado ao distúrbio da deglutição, pode ser uma das
manifestações da EM. Estudos mostram que 1 em 3 pacientes com esclerose
múltipla possuem alterações relacionadas à deglutição, em diferentes graus.
Estudos longitudinais mostram que com a evolução da EM a porcentagem de
pacientes com disfagia aumenta, chegando a 90%.
A fraqueza muscular e a incoordenação motora podem levar a dificuldade
de preparação do bolo alimentar e na sua propulsão, dificultando a entrada do
alimento na faringe. A proteção das vias aéreas também pode ser prejudicada,
uma vez que há comprometimento da movimentação laríngea. As fases automáticas
também podem ser comprometidas com o avançar da doença.
Imagino que vocês possam estar
se questionando que tipos de alimentos podem provocar a disfagia. Inicialmente,
haverá maior comprometimento na deglutição de líquidos, posteriormente,
pastosos e sólidos também se tornarão de difícil deglutição.
Outro questionamento que
imagino que possa ocorrer é quanto às complicações da disfagia. Os mais comuns
são desidratação, desnutrição e pneumonia por aspiração de alimentos. Assim
sendo, a disfagia é um importante fator de risco para aumento da morbidade e
mortalidade de pacientes com EM.
Pacientes
e familiares devem estar atentos a alguns sinais da disfagia, sendo eles:
-
Quanto tempo ele está levando atualmente para comer uma refeição e como era
antes?
·
Houve modificação na dieta e quais comidas estão sendo bem mal toleradas?
·
Existem movimentos exagerados de boca durante a mastigação?
·
Existe dificuldade de começar a deglutir?
·
Há necessidade de deglutir duas ou três vezes?
·
A comida sobra na língua ou vestíbulos após deglutir?
·
A comida volta através do nariz?
-
Há sensação de alimento parado na garganta?
-
Foram notadas febres sem causa aparente?
·
Teve perda de peso ultimamente?
·
Há baba excessiva, em especial imediatamente depois de comer?
·
Há pigarro depois de comer ou beber?
·
Há tosse ou sufocamento enquanto come ou bebe?
·
Há tosse ou se sente sufocado depois de comer ou beber?
·
Aparecem alterações vocais durante ou depois de comer? Rouquidão?
·
Existem infecções respiratórias frequentes?
·
Ocorreram quadros de pneumonia?
Erika Longone
Fonoaudióloga
EXCELENTE !
ResponderExcluirParabéns!!!
ResponderExcluirQuase todas as informações apresentadas neste texto visualizo na minha mãe que possui disfagia em decorrencia de AVC. Uma constante batalha.
Ótimo, esclarecedor
ResponderExcluirA médica da minha irmã Dra. Claudia Vasconcelos, deveria ter nos orientado sobre isso. Agora é tarde demais... Ocorreram quadros de pneumonia de repetição... A minha irmã faleceu no dia 14 de março deste ano
ResponderExcluirPor que o meu comentario não foi publicado?
ResponderExcluirA medica da minha irmã deveria ter nos orientado melhor sobre disfagia e disartria. Agora é tarde demais
ResponderExcluir