terça-feira, 4 de outubro de 2016

Tabagismo


 
Fonte: https://plus.google.com/+AlexandrePifer

Hoje vamos explorar o tabagismo e saúde com um olhar a mais na relação com a Esclerose Múltipla. Embora observada esta relação de maior incidência da doença entre os tabagistas (1,8 vezes maior) e a conversão de evolução para a fase progressiva (em torno de 3 vezes maior), não se pode esquecer da complexidade da doença e das possíveis relações com fatores genéticos e outros ambientais, mas e não se pode negligenciar estes estudos observacionais e refletir um fator modificável.

O tabagismo é o ato de se consumir cigarros ou outros produtos que contenham tabaco, cuja droga ou princípio ativo é a nicotina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o tabagismo deve ser considerado uma pandemia, ou seja, uma epidemia generalizada e como tal precisa ser combatida.

Ele é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável do planeta, 1 bilhão e 200 milhões de tabagistas no mundo, destes, 200 milhões de mulheres. Há 4,9 milhões de mortes anuais, metade em idade produtiva. Existem estudos que evidenciam que o consumo de tabaco causa em torno de 50 doenças diferentes.

Sabe-se, estatisticamente, que o fumante tem 10 vezes mais chance de adoecer de câncer de pulmão, 5 vezes mais de infartar, 5 vezes mais de apresentar bronquite crônica e enfisema pulmonar e 2 vezes mais de apresentar acidente vascular cerebral.

Estudo do INCA mostra que o tabagismo é responsável por:
  • 200 mortes por ano no Brasil;
  • 25% das mortes causadas por doença coronariana;
  • 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa abaixo dos 60 anos;
  • 45% das mortes causadas por infarto agudo do miocárdio na faixa abaixo dos 65 anos.
  • 85% das mortes causadas por bronquite e enfisema;
  • 90% dos casos de câncer de pulmões;
  • 30% de mortes decorrentes de outros tipos de câncer tabaco relacionado: boca, laringe, faringe, estômago, pâncreas, rim, bexiga e colo do útero;
  • 25% das doenças vasculares (derrame cerebral, trombose);
  • Impotência sexual no homem;
  • Complicações na gravidez;
  • Aneurisma arterial;
  • Úlcera do aparelho digestivo;
  • Infecções respiratórias.

 
Fonte: slideplayer.com.br

O cigarro é composto por cerca de 4720 substâncias tóxicas. Estima-se que mais de 60 substâncias sejam cancerígenas entre elas: solventes, chumbo, níquel, amônia, monóxido de carbono, agrotóxicos, formol, substâncias radioativas, benzopireno, nicotina, alcatrão. 

A nicotina, após uma tragada, chega ao cérebro em 9 segundos e gera sensação relaxante, altamente viciante, que leva ao indivíduo a querer cada vez mais. Ela aumenta os batimentos cardíacos, pressão arterial e frequência respiratória. Os vasos se contraem.

Nicotina: é a causadora do vício e cancerígena.
Benzopireno: substância que facilita a combustão existente no papel que envolve o fumo.
Substâncias radioativas: Polônio 210 e carbono 14.
Agrotóxicos: DDT
Solvente: Benzeno
Metais pesados: Chumbo e o Cádimo (1 cigarro contém de 1 a 2 mg, concentrando-se no fígado)
Rins e pulmões, tendo meia vida de 10 a 30 anos, o que leva à perda de capacidade ventilatória dos pulmões, além de causar dispneia, enfisema, fibrose pulmonar, hipertensão, câncer nos pulmões, próstata, rins e estômago.
Níquel e arsênico: armazenam-se no fígado e rins, coração, pulmões, ossos e dentes, resultando em gangrena dos pés, causando danos ao miocárcio etc.

Fonte: http://lukareissinger.blogspot.com.br/2013/01/os-perigos-do-cigarro.html

E qual a relação com a Esclerose Múltipla?

O primeiro grande estudo relacionado ao assunto é norueguês. Publicado na revista Neurology, 2003, demonstra que o risco de Esclerose Múltipla é significantemente mais elevado entre fumantes do que entre aqueles que nunca fumaram.

Publicação na revista Brain, em 2015, demonstra a relação entre tabagismo e a progressão da Esclerose Múltipla e reforça que fumar pode ser um fator de risco clínico, levando a Esclerose Múltipla Remitente Recorrente para Secundariamente Progressiva.

Pesquisa realizada pelo Brighan and Women’s Hospital, da Havard Medical School e do Massachussets General Hospital, em Boston (EUA), publicado na Revista Archives of Neurology, acompanhou 1465 pacientes com Esclerose Múltipla por 3 anos, com média de faixa etária de 42 anos, média de doença 9,4 anos; com 53,2% que nunca fumaram, 29,2% fumantes no passado, 17,5% fumantes ativos.

A progressão foi avaliada pelas características clínicas e por ressonância nuclear magnética.

Resultados: tabagistas sofriam de forma mais severa da doença no início do estudo e mais declínio progressivo da capacidade neurológica.

Em outro estudo sobre os efeitos do tabagismo na barreira hematoencefálica (BHE), investigadores do Cleveland Clinic Learner College of Medicine descobriram que “compostos contidos no fumo do tabaco podem afetar a viabilidade das células que compõem a BHE e acionar uma resposta inflamatória que por sua vez pode levar à perda de integridade da BHE”.

No entanto, o tabagismo pode ser apenas uma parte de um estilo de vida pouco saudável que pode contribuir para a piora da doença.

Em estudos recentes conduzidos pelo Departamento de Neurologia na Universidade de Guillan de Ciências Médicas, em Rasht, Iran, investigadores descobriram que os pacientes que sofriam de Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR), que também fumavam mais de 10 cigarros por dia, tinham um risco mais elevado que os não fumantes de progressão da doença para Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP).

Os mecanismos pelos quais o tabaco modifica o risco e a possibilidade da progressão da doença não são ainda conhecidos, mais estudos são necessários.

É importante refletir sobre o assunto e analisar em conjunto não somente as possíveis ações sobre a Esclerose Múltipla, mas sim sobre a saúde geral e qualidade de vida.

Segundo o INCA se parar de fumar agora...

  • Após 20 minutos: sua pressão sanguínea e pulsação voltam ao normal.
  • Após 2 horas: não tem mais nicotina no seu sangue.
  • Após 8 horas: o nível de oxigênio do sangue se normalizam.
  • Após 2 dias: seu olfato já percebe melhor os cheiros e seu paladar readquire a capacidade de identificar sabores.
  • Após 3 semanas: a respiração fica mais fácil e a circulação melhora.
  • Após 5 a 10 anos: o risco de sofrer infarto será igual ao de quem nunca fumou.


Liliana Russo
Neurologista


2 comentários:

  1. Conviver com as sequelas causadas pela esclerose, não é fácil, una-se a isto, os efeitos colaterais dos medicamentos e ainda agravar a situação com a nicotina,é pedir para sofrer...

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  2. Conviver com as sequelas causadas pela esclerose, não é fácil, una-se a isto, os efeitos colaterais dos medicamentos e ainda agravar a situação com a nicotina,é pedir para sofrer...

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