quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

O papel da (minha) mente na (minha) doença autoimune...


Fonte: http://www.aid4disabled.com/imagine-life-without-multiple-sclerosis/

“Não há nada na mente que já não tenha passado antes pelos sentidos”.
(Aristóteles)


Ao ler o artigo O papel da mente nas doenças autoimunes, publicado no site A mente é maravilhosa, tive a nítida sensação de que estava me olhando no espelho, tal a identificação que senti com as palavras nele contidas.

Porém, acho que não sou a única que teve a alma desnuda ao ler esse mesmo artigo ou outro de mesmo teor, pois, cada um de nós que possuímos algum tipo de doença autoimune, mesmo que relute em admitir, bem lá no fundo sabe o quanto nossa mente pode nos sabotar e fazer com que a doença se agrave, provocando uma progressão da doença que, algumas vezes, deixa sequelas irreversíveis.

Falando por mim, quando recebi o diagnóstico de esclerose múltipla, a neurologista me receitou o medicamento para controle da doença e alguns para tratar os sintomas, entre eles um antidepressivo. Aliado a isso, me encaminhou para psicoterapia com o seguinte argumento: “não temos de tratar apenas seu corpo, é essencial tratarmos sua mente também.”

Por vários anos eu fiz terapia, no entanto, por diversas razões, precisei parar de alguns meses para cá e fui sabotada pelos meus próprios sentimentos, entrando num processo depressivo que não me fez surtar da esclerose múltipla, mas me fez surtar como ser humano que não suportou a carga emocional de problemas das mais diversas origens. Consulta, exames, novo antidepressivo e recomendação de retomar a terapia, o que pretendo fazer o mais urgente que minha condição permitir.

Sabemos que o estresse é um agravante poderoso da nossa condição de pessoas com EM, no entanto, sabemos também que não temos como entrar numa bolha e nos isolar do mundo aqui fora. Problemas sempre existirão, dificuldades das mais variadas espécies se abaterão sobre nós mais cedo ou mais tarde, no entanto, é como lidamos com as agruras da vida que determina o quanto seremos atingidos emocionalmente.

Existe fórmula de sucesso para que consigamos controlar nossos sentimentos diante dos percalços? Não, infelizmente, pois como somos seres individuais, individuais também são o poder de enfrentamento e a resiliência de cada um de nós. Porém, quando nossa mente recebe a devida atenção, com cuidados que a mantenha funcionando o mais adequado possível, fica mais difícil que nos autossabotemos, equilibrando corpo e mente.
Finalizo transcrevendo um trecho do artigo citado no início do post para que possamos fazer uma íntima reflexão:

“A saída para uma pessoa com doença autoimune é simplesmente parar de acreditar que é uma pílula, uma vitamina ou algum médico milagroso que vai conseguir recuperar a sua saúde. É claro que não deve abandonar esses tratamentos, mas deve-se procurar também um profissional de saúde mental para complementar esse tratamento.” (A MENTE É MARAVILHOSA)

Beijos carinhosos!

Bete Tezine
Advogada


Referência

A MENTE É MARAVILHOSA. O papel da mente nas doenças autoimunes. Disponível em: <https://amenteemaravilhosa.com.br/papel-da-mente-doencas-autoimunes/>. Acesso: 01 fev 2018. 





Advogada, artista plástica, mãe, diagnosticada com esclerose múltipla há 6 anos, atual presidente da ABCEM, conselheira de saúde do município de São Caetano do Sul.

Um comentário:

  1. Tb preciso voltar para a terapia...
    Parei de fazer há mais de 4 anos e,agora, tem horas em que vejo que preciso...

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