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No decorrer da vida vamos acumulando sonhos que, em sua grande maioria, vão sendo condicionados a eventos que nem sempre acontecem. É aquela história de "quando eu conseguir tal coisa vou viajar" ou "se eu conseguir isso ou aquilo vou trocar de emprego" e por ai vai. Colocamos condições para realizar nossos sonhos e acabamos por estancar nos nossos "se" e "quando" e os sonhos terminam no fundo das gavetas dos nossos arquivos pessoais, cheios de poeira e teias de aranha, até caírem no esquecimento.
Quando descobrimos uma doença, seja ela curável ou não, apertamos o "stop" e paramos de sonhar, colocamos toda nossa energia no combate ou controle da enfermidade e, mesmo sem fazer disso o foco da nossa existência, os condicionamentos dos sonhos antigos e dos que ainda temos para sonhar se tornam mais latentes, vamos deixando a vida passar sem que vivenciemos o que havíamos traçado pra nós mesmos. A doença faz com que, na maioria das vezes, nos sintamos incapazes de conquistar o que foi nossa prioridade de vida quando éramos "saudáveis".
Eu fiz isso com a minha vida. Eu parei de sonhar no dia em que a Esclerose Múltipla adentrou pela porta com passagem só de vinda. Eu estanquei e acreditei, piamente, que o meu maior sonho jamais seria realizado e o releguei ao arquivo morto, dentro de uma gaveta empoeirada, repleta de traças que tentaram, a todo custo, corroerem-no até que ele se desfizesse por completo. Eu, na minha insegurança total, quase deixei que a doença autoimune me fizesse desistir de sonhar.
Mas, como a vida é uma caixinha de surpresas, alguns sonhos que eu havia desistido, por conta própria, saíram pelas frestas das gavetas e se fizeram reais quando eu já nem lembrava mais deles. Veio o convite para a participação em um livro de poesias e prosas poéticas. A fanpage Versos derramados que se materializou como um pequeno desabafo das minhas escleroses diárias já está caminhando para 100 mil seguidores. A ABCEM deixou de ser um simples ideal que, por muito tempo, imputei aos outros a responsabilidade por dar a largada rumo à materialização e se tornou realidade por uma iniciativa que tive em uma noite do fim de agosto do ano passado. Retornei às salas de aulas onde aprendi sobre os caminhos da arte, mas não mais como aluna, eu assumi como professora e me encantei ainda mais pela profissão que havia imaginado que nunca mais exerceria. Meus textos que, nada mais são que meros retratos das minhas vivências, têm dado voz a outros esclerosados que não possuem facilidade para expressar suas angústias por meio de palavras.
Tantas conquistas que eu acreditava que jamais fariam parte da minha vida e que chegaram após o diagnóstico da EM, justamente quando eu acreditava que eu não tinha mais direito aos sonhos.
Por tudo isso, o que tenho a dizer é que jamais, mas jamais mesmo, desistam de sonhar, mesmo que tudo vá contra a materialização dos seus sonhos, mesmo que a Esclerose Múltipla lhes diga ao ouvido que vocês não podem mais, que vocês não têm mais capacidade para realizar seus projetos, pois ela vai tentar, a todo custo, lhes fazer desistir e arquivar seus sonhos, assim como fiz com os meus. Mesmo assim não desistam, persistam, insistam e, quando menos esperarem, eles se farão reais e a vocês só restará abraçá-los com força e viver intensamente cada um deles.
Um beijo sonhador no coração de todos...
Bete Tezine
Advogada e Professora de Artes Plásticas
obrigada BETE, SEU TEXTO ME AJUDOU BASTANTE VER ESSE OUTRO LADO Q TBM EXISTE NO ESCLEROSADO , Q NÃO É O FIM DE TDO!AINDA PODEMOS LUTAR POR DIAS MELHORES EM NOSSA VIDA!
ResponderExcluirOlá Dirce!
ExcluirO diagnóstico de EM não significa que nossa vida parou, aliás, ela segue... então, o melhor que temos a fazer é continuar vivendo, buscando a realização dos nossos sonhos e sendo felizes... porque, sim, nós podemos, ser felizes!
Beijos!