segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Tratamento conservador da Bexiga Neurogênica do paciente com Esclerose Múltipla - Fisioterapia NeuroPélvica


Fonte: st.depositphotos.com/1812149/2267/i/450/depositphotos_22671493-3d-art-illustration-of-nervous.jpg

No post anterior, escrevi sobre os sintomas urinários muito frequentes nos pacientes com Esclerose Múltipla (EM) e Bexiga Neurogênica. Destaquei a urgência e a urgeincontinência urinária, as idas muito frequentes durante o dia e durante a noite para urinar, a dificuldade de esvaziar completamente a bexiga e as retenções urinárias que podem, por consequência, levar a infecções urinárias de repetição e a lesões renais.

A Fisioterapia Pélvica foi criada com objetivo de proporcionar aos pacientes com disfunções miccionais, coloproctológicas e sexuais, formas conservadoras de tratamento. Preocupados também com as disfunções decorrentes da Bexiga Neurogênica, surge a Fisioterapia NeuroPélvica, uma subespecialidade que atende não apenas pacientes com Esclerose Múltipla, mas também com Parkinson, pacientes que sofreram Lesões Medulares, Acidentes Vasculares Cerebrais ou outras patologias que afetem a integridade da inervação pélvica e de seus respectivos centros no Sistema Nervoso Central.


O tratamento fisioterapêutico vai depender de uma boa avaliação das queixas de cada paciente e da qualidade de contração e relaxamento da Musculatura do Assoalho Pélvico. Essa musculatura é composta por duas camadas (superficial e profunda) e localiza-se entre o púbis, o cóccix e os ísquios. Ela possui 5 funções: proteção e sustentação dos órgãos pélvicos, micção, evacuação e função sexual.  


Musculatura do Assoalho Pélvico
Fonte: Google Imagens
Essa musculatura precisa estar funcional. Isso significa que ela deve estar forte, ser capaz de se manter em contração, de se contrair rapidamente, de se contrair antes de atividades de esforço abdominal, bem como ter capacidade de relaxamento para permitir a micção e a evacuação.

Em pacientes com EM é comum que essa musculatura esteja hiperativa, ou seja, ela permanece tensa para tentar compensar a atividade excessiva do músculo da bexiga que por vezes tem diminuição de sua inibição feita pelo Sistema Nervoso Central. Sendo assim, a musculatura do assoalho pélvico tem dificuldade de se relaxar no momento em que a micção ou evacuação deve ocorrer, levando a hesitações e a retenções urinárias.

Após avaliação da funcionalidade da Musculatura do Assoalho Pélvico e correlação com os sintomas urinários e exames apresentados por cada paciente, é definida a melhor forma de tratamento. Dispomos de recursos como: Eletroestimulação, Biofeedback, Trabalho Manual e Exercícios Ativos da Musculatura do Assoalho Pélvico.

- Eletroestimulação: é um recurso muito utilizado para Bexigas Neurogênicas. Dependendo da frequência trabalhada é possível “modular” a bexiga, induzindo-a a se contrair adequadamente e inibindo contrações involuntárias que possam fazer com que haja urgência, frequência ou incontinência urinária. Através da eletroestimulação também é possível ativar musculaturas do assoalho pélvico que estejam muito fracas.

- Biofeedback: através deste recurso, é possível que o paciente aprenda a contrair e a relaxar adequadamente sua musculatura do assoalho pélvico, visualizando exercícios na tela do computador.

- Trabalho Manual: é uma maneira que temos de liberar pontos de tensão e dor da musculatura do assoalho pélvico. Também auxilia no ganho de funções específicas musculares.

- Exercícios Ativos da Musculatura do Assoalho Pélvico: são exercícios que devem ser programados de forma individual, baseados na função muscular de cada paciente. Podem ter objetivo de fortalecer, de ativar os músculos antes de atividades de esforço, como tossir ou espirrar, ou até mesmo de relaxar para permitir a micção e a evacuação.

A mensagem importante que gostaria de deixar com este post é que existe tratamento para esses sintomas tão incômodos e constrangedores que fazem parte da vida de muitos pacientes com Esclerose Múltipla. E também que não existe uma receita pronta de exercícios para todos os pacientes, cada um deve receber uma atenção individualizada. 

Procure ajuda!!

Abraço!


Cíntia E. Fischer Blosfeld
Fisioterapeuta Pélvica
Fisioterapeuta Neurofuncional
Curitiba-PR

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