quinta-feira, 15 de setembro de 2016

E Meu filho?


Fonte: Google imagens

"Meu filho tem Esclerose Múltipla, ele não quer comer, não sei se é por causa da doença ou pela idade. Mas ele está emagrecendo, o médico disse que ele precisa comer, o que eu faço?".

Você já pensou algo assim?

O perfil Epidemiológico da Esclerose Múltipla apresenta a maior prevalência do diagnóstico em mulheres, caucasianas e na faixa etária de 20 a 40 anos de idade, sendo raro o aparecimento da doença na infância.  Contudo, quando falamos em comprometimentos na saúde, para nós profissionais da área , cada caso, mesmo que raro, é de suma importância de ser  estudado, compreendido e trabalhado.  O estudo de Fragoso et al. aponta para uma prevalência de crianças com EM no Brasil estimada em até 3000 indivíduos.  Há poucos estudos sobre a terapêutica pediátrica no diagnóstico da EM, sendo que o que basicamente temos hoje em dia é uma conduta semelhante ao tratamento em adultos.

Os sintomas da doença que levam ao diagnóstico por vezes se difere um pouco em relação aos sintomas dos adultos. Porém, os sintomas no decorrer da doença passam a ser muito parecidos com os encontrados em pessoas de faixas etárias maiores. Além disto, sintomas como aumento de peso e perda de apetite em decorrência do tratamento medicamentoso e dos efeitos psíquicos da doença também são encontrados em crianças.  O estresse do convívio com os sintomas e surtos é de difícil aceitação para muitos pequenos, porém muitas mães, pais e familiares responsáveis relatam que a EM tornou-se um motivo de fortalecimento emocional para suas crianças, tornando-as mais maduras, conhecedoras das suas potencialidades, assim como de seus momentos de limitações, os quais devem ser respeitados.

Quando se trata da Alimentação, a fala apresentada inicialmente neste texto surge com frequência. E, sim, a falta de apetite e a perda de peso são tanto da doença como da idade, contudo em ambas as situações, o cuidado é necessário. Quando falamos de crianças, temos uma regrinha importante a seguir: os responsáveis pela criança decidem o momento de se sentar à mesa para comer e o que será servido, porém é a criança quem decide o quanto comerá! Esta regrinha vira a loucura de qualquer mãe e pai. "Mas se eu deixar, ele não come nada!". Não, não será assim. Sabe por quê? Porque nosso corpo tem um instinto natural de sobrevivência. Se a criança não quer comer, algum motivo tem. Todos eles são muito individuais e somente devem ser trabalhados com a ajuda de um nutricionista. Vamos a alguns motivos que levam a criança a não ter fome no momento das refeições em família. Existem vários e para cada um, uma conduta diferente, mas vejamos dois:

1. A criança sente fome só em momentos não planejados. Pode ser que a criança tenha comido ou beliscado próximo à refeição principal. Às vezes, a criança não estava com tanta fome no café da manhã, por exemplo, ou comeu correndo, não prestando atenção, fazendo outras atividades junto,como comer em pé, caminhando pela casa. E, por isto, não ficou plenamente satisfeita com a refeição. Depois de algumas horas, esta criança pode apresentar fome, porém em um horário em que a comida ainda não está pronta. O que acontece? Geralmente essa criança vai comer alguma "besteirinha" só pra não ficar com fome. Esta "besteirinha" pode  diminuir o apetite para a próxima refeição que é quando será oferecido alimentos de verdade, comida, necessários para o fortalecimento da saúde da criança. Sendo assim, o truque aqui é sempre exigir, de forma amorosa, que a criança coma sentada na mesa, sem TV, computador, celular, jogos que desviem a atenção dela do alimento. É importante esta criança ter uma rotina mais ou menos estabelecida de horários, que acompanhe a família, sem ofertas de alimentos açucarados ou gordurosos  em horários próximos às  principais refeições.  Caso a criança não sinta fome nesta refeição, ela poderá aguardar a próxima, porém sem a oferta constante de alimentos nos intervalos. Outras condutas podem ser realizadas, mas sempre com o auxílio do Nutricionista.

Fonte: Google imagens

2A criança nunca apresenta apetite. O pequeno mostra um constante desinteresse pela comida?  Pode ser que esta criança esteja psicologicamente confusa e angustiada pela situação da EM. É de extrema importância o acompanhamento com profissionais psicólogos, tanto pela criança, quanto pela família. Além disso, a medicação também pode desempenhar o papel de inibidor de apetite. Conversar com seu o médico e nutricionista sobre a medicação é importante. No que tange a alimentação, a oferta de preparações que a criança goste ou peça pode ajudar bastante, porém cuidado para não oferecer somente o que a criança gosta sem atentar-se ao que ela precisa. É possível ofertar o que ela precisa e gosta em um mesmo alimento. Preparações coloridas, cheirosas e com gosto que lhe agrade é indispensável. E isto consegue-se com o uso de ervas naturais, por exemplo! É possível ofertar qualquer alimento de forma prazerosa.  Durante as refeições, é bom tentar não iniciar discussões, sobretudo entre os pais. É um momento ideal para confraternização, de saber como o foi o dia da criança, de saber se algo aconteceu e a incomodou, assim como se algo aconteceu e a deixou feliz. Pense na possibilidade de deixar broncas e cobranças para outros momentos que não o da comida, pode ajudar bastante!

Algumas crianças, em momentos de angústia pode também apresentar um apetite aumentado, gerando um comer descompensado. Isto também deve ser conversado. É sempre necessário entender o que está gerando essa forma de se alimentar. A compreensão é um processo, que exige paciência e atenção.  Não pense que o que está vivenciando não tem solução. Tem sim. Certamente é muito difícil para você, mas cerque-se de pessoas e profissionais que possam lhe ajudar. Existem outras mães e pais que também estão vivenciando a EM e saber o que eles sentem pode lhe ajudar a encontrar conforto.

Deixo abaixo uma receita de hambúrguer caseiro para caso queira fazer um lanche especial!


Fonte:gnt.com/CarolinaFerraz 

Ingredientes

720 g de fraldinha moída ou patinho
2 colheres (sopa) de água 
2 colheres (sopa) de azeite
4 fatias de queijo da sua preferência

alface a gosto
tomate a gosto
4 pães de hambúrguer
2 col. de chá de sal
pimenta-do-reino moída na hora a gosto (opcional)

ervas como coentro, manjericão, salsinha, orégano e outras a gosto.

Modo de Preparo

1. Corte os pães ao meio, transfira para 4 pratos e reserve. Se preferir, leve ao forno baixinho para aquecer.

2. Em uma tigela, coloque a carne, a água, o azeite e misture rapidamente com as mãos. Divida em 4 bolas (180 g cada) e achate, formando o hambúrguer. Lembre-se de que ele encolhe ao cozinhar, por isso, deve ficar um pouco maior que o diâmetro do pão. 

3. Com o polegar, faça uma marca bem no meio da carne - quando ela cozinha, dá uma inflada. Se não for cozinhar na hora, leve para a geladeira, a carne deve estar bem fria.

4.  Tempere com sal e as ervas um lado dos hambúrgueres somente agora. DICA: O sal não é colocado antes de fazer as bolinhas , senão fica emborrachado o hambúrguer.  Vire e tempere o outro lado. Se quiser, tempere com pimenta-do-reino moída na hora. 

5. Leve ao fogo alto em uma frigideira antiaderente. Caso não tenha uma grande, use duas frigideiras ou faça em etapas, retirando os dois primeiros hambúrgueres 2 minutos antes do tempo e transferindo para o forno, sobre o pão. Assim eles terminam de cozinhar enquanto você prepara os outros dois.

6. Quando a frigideira estiver pelando, transfira a carne e tampe. Deixe dourar por 1 minuto e vire. No último minuto, coloque o queijo prato e regue com uma colherinha de água no meio da frigideira para deixar o queijo puxa-puxa. Tampe novamente. 

7. Atenção: nem pense em apertar o hambúrguer contra a frigideira enquanto ele estiver grelhando! Fica duro e seco. 

8. Com uma espátula, coloque os hambúrgueres nos pães com o alface e o tomate e sirva a seguir. Deixe a carne descansar por um minutinho antes de comer - ela fica mais saborosa, pois os líquidos internos se acomodam.


(Receita adaptada de panelinha.ig.com.br)


Fernanda Sabatini
Nutricionista


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