Fonte: agorarn.com.br/vidaesaude/reducao-de-sal-nos-alimentos-nao-alterou-a-hipertensao-no-brasil/ |
Ingerir
muito sal pode contribuir para o aparecimento da esclerose múltipla? Um novo estudo melhora a nossa compreensão do que pode desencadear a
esclerose múltipla em algumas pessoas.
O
estudo sugere que, embora o consumo elevado de sódio possa ser um fator de
risco para a esclerose múltipla (EM), é provável que a doença só se desenvolva
em pessoas com um risco genético. Além disso, em certos grupos de risco
genético, a ingestão de elevado teor de sódio é mais provável de ser
identificado como um gatilho para a doença em mulheres do que em homens.
“A
esclerose múltipla é uma doença debilitante em que o sistema imunológico ataca
o tecido do nervoso do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico. Genética e
fatores ambientais são fatores de risco, assim como o gênero: a incidência em
mulheres triplicou no último século”, afirma o afirma o neurologista, Willian
Rezende do Carmo, CRM-SP 160.140.
Estudos
anteriores já haviam sugerido que a ingestão elevada de sódio seria um dos
fatores de risco ambientais para a esclerose múltipla, mas ainda não existia um
aprofundamento para explicar como isso acontecia.
Agora,
o novo estudo da Universidade de Vermont, oferece algumas respostas. O autor,
Dimitry N. Krementsov explica: “nossa intenção foi fornecer uma compreensão
abrangente de como e porque fatores ambientais interagem em determinadas
composições genéticas dos indivíduos e influenciam no aparecimento de doenças
autoimunes, como a esclerose múltipla”.
Para
seu estudo, a equipe usou três grupos genéticos diferentes de ratos e os
alimentou com uma dieta rica em sódio e com uma dieta controlada em sódio. Em
seguida, os pesquisadores induziram uma doença chamada encefalomielite
autoimune experimental nos ratinhos, o mais próximo da esclerose humana nas
pessoas.
Os
resultados foram diferentes nos três grupos genéticos. Em um grupo, machos e
fêmeas alimentados com uma dieta rica em sódio apresentaram sintomas piores da
doença. No segundo grupo genético, apenas as fêmeas com uma dieta com alto teor
de sódio mostraram sintomas piores da doença, enquanto no terceiro grupo, a
ingestão de elevado teor de sódio não afetou os sintomas da doença.
Sódio x grupos susceptíveis
“Quando
os pesquisadores analisaram as mudanças biológicas, concluíram que o fator
crítico foi a genética. Eles descobriram que em todos os casos em que
houve ingestão elevada de sódio, os sintomas
da doença foram piores, os ratos apresentavam uma barreira hematoencefálica
mais fraca, enquanto suas células imunes pareciam não ser alteradas”, diz o
neurologista.
A
barreira hematoencefálica normalmente protege o sistema nervoso central - o cérebro,
medula espinal e o nervo óptico - do ataque das células brancas do sangue
presentes no sistema imunológico. “No entanto, as pessoas com esclerose
múltipla têm uma barreira hematoencefálica permeável, que permite que as
células do sistema imunológico passem para o tecido do sistema nervoso central
e ataquem a bainha de mielina”, explica o médico.
Quando
a bainha de mielina é destruída, placas se acumulam ao longo da fibra nervosa.
Isso resulta nos sintomas clássicos da esclerose múltipla: aumento da dormência,
paralisia, perda de visão e dificuldades com equilíbrio e caminhada.
Willian
Rezende destaca que precisamos ingerir sódio suficiente para que nossos corpos
funcionem, mas não muito para fazer com que as coisas comecem a sair fora dos
eixos. “O estudo ajuda a lançar luz sobre o que pode dar errado em indivíduos
com genes que os tornam suscetíveis a uma doença autoimune. Ele também nos
ajuda a entender o quanto de sódio é adequado para um determinado indivíduo”,
observa o médico.
Willian Rezende do
Carmo
CRM-SP 160.140 - neurologista, com especialização em Dor, pela USP.
Para saber mais sobre a esclerose múltipla, acesse nossa playlist de vídeos
sobre o tema: https://www.youtube.com/playlist?list=PLLJYTEvgFMH-z6p7SooZxQVZzmPHSezy3
Perfil completo:
·
Graduação
em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, MG;
·
Residência
médica em Neurologia, no Hospital Odilon Behrens, Belo Horizonte, MG;
·
Capacitação
em Medicina do Sono no Instituto do Sono, São Paulo, SP;
·
Capacitação
em aplicação de toxina botulínica tipo A, pelo IMREA, Hospital das Clínicas,
FMUSP, São Paulo, SP;
·
Especialização
em Dor pela USP, SP;
·
Coordenador
da Neurologia no Hospital Santa Helena, São Paulo, SP;
·
Plantonista
da Telemedicina, no setor de AVC, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo,
SP;
·
Médico
assistente da retaguarda de Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São
Paulo, SP.
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