Fonte: www.bctrims.org.br |
No último dia 05, Belo Horizonte sediou o 7º Simpósio Brasileiro
Regional de Esclerose Múltipla – BCTRIMS Sudeste 2016, evento organizado
pelo BCTRIMS (para ler sobre o BCTRIMS clique aqui) objetivou a atualização
científica para médicos, residentes, estudantes de medicina e
profissionais da área da saúde sobre o diagnóstico e tratamento da Esclerose
Múltipla e da Neuromielite Óptica.
Entrevistei Dr. Rodrigo
Kleinpaul, neurologista, membro do BCTRIMS, coordenador e organizador do
evento, para saber mais alguns dos assuntos abordados no Simpósio.
Segue a íntegra da entrevista:
Bete Tezine: Existem estatísticas sobre o
tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico
da Esclerose Múltipla?
Dr. Rodrigo Kleinpaul: O tempo
médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico varia de dez a quatorze anos,
segundo dados de trabalhos científicos. Cabe ressaltar que esse intervalo está
diminuindo nos últimos anos, devido ao reconhecimento precoce dos sintomas, bem
como ao esclarecimento e divulgação da Esclerose Múltipla.
Bete Tezine: Na sua opinião, o que poderia ser
feito para que os diagnósticos passassem a ocorrer de forma cada vez mais
precoce?
Dr. Rodrigo Kleinpaul:
A divulgação e esclarecimento da Esclerose Múltipla no meio médico, científico,
entre pacientes e familiares é a ferramenta mais importante. O reconhecimento
dos sintomas iniciais (surtos) é fundamental, pois, como sabemos, esses podem
melhorar espontaneamente e não raramente serem confundidos com outras doenças,
inclusive psiquiátricas.
Bete Tezine: O que há de novo em termos de drogas orais
para o tratamento da patologia?
Dr. Rodrigo Kleinpaul: A expectativa em torno dos medicamentos orais sempre
foi muito grande entre médicos e pacientes, por isso, o advento do primeiro
medicamento oral para Esclerose Múltipla com eficácia comprovada
cientificamente realmente foi um divisor de águas. Os tratamentos orais
atualmente disponíveis para o controle da doença são: o Fingolimode, a Teriflunomida
e o Dimetil fumarato.
Bete Tezine: Existe uma previsão de tempo para
que esses medicamentos sejam aprovados no Brasil?
Dr. Rodrigo Kleinpaul: Esses medicamentos orais já estão aprovados pela ANVISA, que é o
órgão regulador no Brasil, e disponíveis para o tratamento. Em nosso país, há
um Protocolo de Diretrizes e Tratamento elaborado pelo SUS que fornece apenas o Fingolimode como medicamento oral.
Bete Tezine: O PCDT de esclerose múltipla
divide os medicamentos em 1ª, 2ª e 3ª linhas, no entanto, esta forma não é a
mais viável para um tratamento eficaz e individualizado para cada paciente,
motivo pelo qual o BCTRIMS e a ABN (Academia Brasileira de Neurologia)
propuseram um Consenso Brasileiro de Tratamento da Esclerose Múltipla. Em
linhas gerais, quais as mudanças sugeridas por esse consenso?
Dr. Rodrigo Kleinpaul: O que o BCTRIMS e a Academia Brasileira de Neurologia
(ABN) propuseram, e o que se faz em grande parte do mundo, é tratar o paciente
de uma maneira individualizada. O protocolo do BCTRIMS e da ABN introduz formas
de Esclerose Múltipla não contempladas pelo PCDT atual, como CIS, EMRR de baixa
e alta atividade, EMSP e EMPP. Além disso, esse PCDT não fornece todos os
medicamentos adequados e disponíveis no Brasil para a Esclerose Múltipla. A
escolha do tratamento deve abranger a forma da doença, o prognóstico, a escolha
do paciente, a tolerabilidade e a eficácia do medicamento.
Bete Tezine: O que diferencia Neurite Óptica de Esclerose Múltipla?
Dr. Rodrigo Kleinpaul: Neurite Óptica é uma inflamação do nervo óptico que pode alterar
a visão do paciente causando embaçamento visual, alteração para cores e
contraste. A Neurite Óptica pode ser uma das formas de manifestação clínica (surtos)
da Esclerose Múltipla.
Bete Tezine: Existem vários tipos de Neurite Óptica?
Quais as principais características que as diferem?
Dr. Rodrigo Kleinpaul: A diferenciação entre a Neurite Óptica da Esclerose
Múltipla para outras não relacionadas considera a interpretação de certos
aspectos, como: a idade do paciente na época; a gravidade dos sintomas; a
presença de sintomas sistêmicos como febre e outros; o acometimento de um ou ambos
os olhos; a presença de imagem na ressonância magnética, captando contraste de
maneira extensa no nervo óptico; bem como a presença ou não de imagens no
cérebro na ressonância magnética.
As principais doenças que se
manifestam como Neurite Óptica e podem se confundir com Esclerose Múltipla são
a Neuromielite Óptica, ADEM (Encefalomielite Aguda Disseminada), Neurite
Autoimune e Neurite Infecciosa.
Bete Tezine: Em linhas gerais, qual o saldo
positivo do 7º Simpósio Brasileiro Regional de Esclerose Múltipla?
Dr. Rodrigo Kleinpaul: O papel dos simpósios regionais desenvolvidos pelo
BCTRIMS é esclarecer e difundir conhecimento sobre a Esclerose Múltipla para os
profissionais da área da saúde de cada região do Brasil. Um dos objetivos é a
capacitação para um diagnóstico e tratamento mais preciso e precoce da
Esclerose Múltipla. O BCTRIMS Sudeste, realizado em Belo Horizonte, contou com
a presença de palestrantes especialistas em doenças desmielinizantes (EM, ADEM,
NMO) que puderam apresentar temas atuais e esclarecer dúvidas dos participantes,
em sua maioria neurologistas, radiologistas, oftalmologistas, enfermeiros, fonoaudiólogos,
fisioterapeutas e acadêmicos das diversas áreas da saúde.
Bete Tezine
"A arte, em todas as suas formas de expressão, tem o poder de mudar os rumos de uma história que desde o começo estava fadada ao fracasso..."
Gostei muito das abordagens. Lembrei da conversa que tivemos Bete. Só gostaria que se falasse mais sobre sintomas e exame do LCR quando há sintomatologia e a RM não é por si só conclusiva.
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