quarta-feira, 23 de novembro de 2016

7º Simpósio Brasileiro Regional de Esclerose Múltipla – BCTRIMS Sudeste 2016


Fonte: www.bctrims.org.br

No último dia 05, Belo Horizonte sediou o 7º Simpósio Brasileiro Regional de Esclerose Múltipla – BCTRIMS Sudeste 2016, evento organizado pelo BCTRIMS (para ler sobre o BCTRIMS clique aqui) objetivou a atualização científica para médicos, residentes, estudantes de medicina e profissionais da área da saúde sobre o diagnóstico e tratamento da Esclerose Múltipla e da Neuromielite Óptica.

Entrevistei Dr. Rodrigo Kleinpaul, neurologista, membro do BCTRIMS, coordenador e organizador do evento, para saber mais alguns dos assuntos abordados no Simpósio. 

Segue a íntegra da entrevista:

Bete Tezine: Existem estatísticas sobre o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico da Esclerose Múltipla?

Dr. Rodrigo Kleinpaul: O tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico varia de dez a quatorze anos, segundo dados de trabalhos científicos. Cabe ressaltar que esse intervalo está diminuindo nos últimos anos, devido ao reconhecimento precoce dos sintomas, bem como ao esclarecimento e divulgação da Esclerose Múltipla.

Bete Tezine: Na sua opinião, o que poderia ser feito para que os diagnósticos passassem a ocorrer de forma cada vez mais precoce?



Dr. Rodrigo Kleinpaul: A divulgação e esclarecimento da Esclerose Múltipla no meio médico, científico, entre pacientes e familiares é a ferramenta mais importante. O reconhecimento dos sintomas iniciais (surtos) é fundamental, pois, como sabemos, esses podem melhorar espontaneamente e não raramente serem confundidos com outras doenças, inclusive psiquiátricas.

Bete Tezine:  O que há de novo em termos de drogas orais para o tratamento da patologia?

Dr. Rodrigo Kleinpaul: A expectativa em torno dos medicamentos orais sempre foi muito grande entre médicos e pacientes, por isso, o advento do primeiro medicamento oral para Esclerose Múltipla com eficácia comprovada cientificamente realmente foi um divisor de águas. Os tratamentos orais atualmente disponíveis para o controle da doença são: o Fingolimode, a Teriflunomida e o Dimetil fumarato.


Bete Tezine: Existe uma previsão de tempo para que esses medicamentos sejam aprovados no Brasil?

Dr. Rodrigo Kleinpaul: Esses medicamentos orais já estão aprovados pela ANVISA, que é o órgão regulador no Brasil, e disponíveis para o tratamento. Em nosso país, há um Protocolo de Diretrizes e Tratamento elaborado pelo SUS que fornece apenas o Fingolimode como medicamento oral.

Bete Tezine: O PCDT de esclerose múltipla divide os medicamentos em 1ª, 2ª e 3ª linhas, no entanto, esta forma não é a mais viável para um tratamento eficaz e individualizado para cada paciente, motivo pelo qual o BCTRIMS e a ABN (Academia Brasileira de Neurologia) propuseram um Consenso Brasileiro de Tratamento da Esclerose Múltipla. Em linhas gerais, quais as mudanças sugeridas por esse consenso?

Dr. Rodrigo Kleinpaul: O que o BCTRIMS e a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) propuseram, e o que se faz em grande parte do mundo, é tratar o paciente de uma maneira individualizada. O protocolo do BCTRIMS e da ABN introduz formas de Esclerose Múltipla não contempladas pelo PCDT atual, como CIS, EMRR de baixa e alta atividade, EMSP e EMPP. Além disso, esse PCDT não fornece todos os medicamentos adequados e disponíveis no Brasil para a Esclerose Múltipla. A escolha do tratamento deve abranger a forma da doença, o prognóstico, a escolha do paciente, a tolerabilidade e a eficácia do medicamento.

Bete Tezine: O que diferencia Neurite Óptica de Esclerose Múltipla?

Dr. Rodrigo Kleinpaul: Neurite Óptica é uma inflamação do nervo óptico que pode alterar a visão do paciente causando embaçamento visual, alteração para cores e contraste. A Neurite Óptica pode ser uma das formas de manifestação clínica (surtos) da Esclerose Múltipla.


Bete Tezine: Existem vários tipos de Neurite Óptica? Quais as principais características que as diferem?

Dr. Rodrigo Kleinpaul: A diferenciação entre a Neurite Óptica da Esclerose Múltipla para outras não relacionadas considera a interpretação de certos aspectos, como: a idade do paciente na época; a gravidade dos sintomas; a presença de sintomas sistêmicos como febre e outros; o acometimento de um ou ambos os olhos; a presença de imagem na ressonância magnética, captando contraste de maneira extensa no nervo óptico; bem como a presença ou não de imagens no cérebro na ressonância magnética.
As principais doenças que se manifestam como Neurite Óptica e podem se confundir com Esclerose Múltipla são a Neuromielite Óptica, ADEM (Encefalomielite Aguda Disseminada), Neurite Autoimune e Neurite Infecciosa.


Bete Tezine: Em linhas gerais, qual o saldo positivo do 7º Simpósio Brasileiro Regional de Esclerose Múltipla?


Dr. Rodrigo Kleinpaul: O papel dos simpósios regionais desenvolvidos pelo BCTRIMS é esclarecer e difundir conhecimento sobre a Esclerose Múltipla para os profissionais da área da saúde de cada região do Brasil. Um dos objetivos é a capacitação para um diagnóstico e tratamento mais preciso e precoce da Esclerose Múltipla. O BCTRIMS Sudeste, realizado em Belo Horizonte, contou com a presença de palestrantes especialistas em doenças desmielinizantes (EM, ADEM, NMO) que puderam apresentar temas atuais e esclarecer dúvidas dos participantes, em sua maioria neurologistas, radiologistas, oftalmologistas, enfermeiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e acadêmicos das diversas áreas da saúde. 


Bete Tezine



"A arte, em todas as suas formas de expressão, tem o poder de mudar os rumos de uma história que desde o começo estava fadada ao fracasso..." 
 (Bete Tezine)

 Nascida em Santo André, SP, 49 anos, advogada, artista plástica, professora universitária de Artes Plásticas, mãe de 2 filhos (1 adulto e 1 adolescente), diagnosticada com Esclerose Múltipla em fevereiro de 2012 e atual presidente da ABCEM



Um comentário:

  1. Gostei muito das abordagens. Lembrei da conversa que tivemos Bete. Só gostaria que se falasse mais sobre sintomas e exame do LCR quando há sintomatologia e a RM não é por si só conclusiva.

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