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A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a adesão ao tratamento
de doenças crônicas, como um dos fatores que mais contribui para redução de
eficácia do tratamento. Esclerose múltipla não é uma exceção.
Aderir
a um tratamento significa seguir uma série de orientações que vão desde
comparecer às consultas agendadas, até assumir condutas preventivas, mudar
estilo de vida, se autocuidar, seguir a prescrição dos medicamentos (via de
administração, dose, frequência, rodízios de aplicação) e de terapias
reabilitacionais; porém vários são os fatores influenciadores:
1
- Medida de Eficácia: "Eu estou bem, não preciso mais tomar este
remédio" ou "não vejo melhora, continuo com as mesmas dificuldades,
por que devo continuar?".
2
- Diferenças entre tratamentos: "João toma comprimidos",
"Francisca, injeções semanais", "Paula, injeções diárias" e
eu "uma vez por mês????". "Estou tão bem e tenho que usar injeções diárias?". "Tenho um conhecido que está pior que só usa um comprimidinho".
3
- Dinâmica de vida: "Os tratamentos limitam minha rotina." " No
dia seguinte não sinto-me bem para fazer nada".
4 - Sociais: "Meus pai dizem que este tratamento não me faz bem."
" Um amigo diz que um conhecido utiliza uma terapia alternativa e está muito bem. " " Vi uma reportagem...".
Esclerose
Múltipla é uma doença de múltiplas faces sintomáticas e de gravidade. A
terapêutica não pode ser engessada e deve ser adaptada à cada situação clínica,
à particularidade de cada ser.
Quando
se escolhe uma determinada abordagem terapêutica se analisa o que se espera
desta proposta, nesta situação, para este indivíduo em especial; o que quero
dizer, é indicado? Ele pode utilizar? Não há contraindicações?
A
forma de apresentação: injetável, comprimido... não tem relação com a gravidade da
doença e sim com a indicação terapêutica naquele momento. Querer não significa
poder, cada caso deve ser analisado em sua particularidade evolutiva.
Hoje
sabe-se que quanto mais precoce o diagnóstico, o início e a manutenção
adequada (adesividade) dos modificadores da evolução da doença, há uma
minimização na atividade inflamatória, na quantidade e gravidade dos surtos e
no acúmulo de cicatrizes no sistema nervoso central e, consequentemente, a diminuição do acúmulo
de incapacitações. É o que esperamos do tratamento. Se há sequelas físicas a
medicação não vai resolver (esta é a finalidade da neurorreabilitação:
fisioterapia, terapia ocupacional, fonoterapia, entre outros); Está sem surto? Ótimo, a medicação está cumprindo seu papel!
Uma
determinada droga, para chegar ao mercado, passa por várias fases de análise de
pesquisa científica, durante as quais se avaliam eficácia, dose, frequência entre doses,
efeitos colaterais, segurança em número cada vez maior de pessoas, para haver
a maior margem de segurança possível; por isto uma determinada droga só é
eficaz quando utilizada na forma padronizada e estudada pelo fabricante
pesquisador.
O
principal em qualquer tratamento é o conhecimento, se eduque, discuta com a
equipe de saúde que o acompanha, tire dúvidas; mas quem deverá assumir a
responsabilidades de seu tratamento é você. Não é ser paciente na situação, é
ser ativo.
O
conhecimento diminui a ansiedade e te faz um melhor gerenciador da situação,
dos prós e contra do seu tratamento. Uma percepção clara, objetiva do que se
pode esperar não frusta e diminui a chance de abandono.
Liliana
Russo
Neurologista
mto bom este texto, adorei!!!! obrigada
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