segunda-feira, 24 de outubro de 2016

EM: sobre aceitação e limitações


Fonte: http://www.asmelhoresfrases.com.br/tag/limitacoes/

Quando a minha médica fechou o meu diagnóstico, há oito anos, eu não perdi o chão e nem me desesperei. Na verdade, senti um certo alívio porque já estávamos investigando o que outros cinco neurologistas não foram capazes de descobrir, que a causa dos meus sintomas, era a esclerose múltipla.
Digo estávamos porque eu também consultei o famoso "Dr. Google". Sim, eu confesso! No desespero de saber contra "quem" eu estava lutando, fui procurar respostas para minhas dúvidas.
Foi nas redes sociais e nos blogs que encontrei informações que fizeram com que eu ficasse mais familiarizada com a doença. Ao perceber que os  meus sintomas eram parecidos com os dos esclerosados e que apesar de tudo eles estavam bem, deu alento as minhas preocupações. Uma dica para quem está buscando informações: se você for ansioso como eu e não conseguir segurar a curiosidade, por favor procure por sites confiáveis, como por exemplo os das associações, e saiba que a EM é ÚNICA e tem um desenvolvimento que difere de pessoa para pessoa.
Aceitei a minha nova condição de uma maneira bem positiva, mesmo pensando nas incertezas que a EM poderia me trazer. Eu tinha uma doença, teria que aprender a conviver com ela e eu sabia que tudo daria certo.
Os meus primeiros surtos foram leves e fáceis de lidar e, dos sintomas que tive, sempre me recuperava, inclusive o "andar de bêbado" que já me fez passar por diversas situações, das mais engraçadas às mais constrangedoras. Eu sempre voltava ao "normal",  não ser por um formigamento leve e constante no meu braço esquerdo, sequela do meu primeiro surto.
Há dois anos tive um surto bem forte que mudou até a categoria da minha forma de caminhar. De "bêbado" passou para "the walking dead" rsrs. Isto é, à forma de  "zigue-zague" que eu andava acrescentou-se a falta de coordenação e equilíbrio do corpo.
Ao perceber que eu precisava de auxílio para andar, não hesitei em nenhum momento em comprar um andador, pois com ele eu teria mais segurança e estabilidade. Desenvolvi também intolerância ao barulho, o que afetou muito a minha vida social, mas ao conversar com a minha médica, ela sugeriu que eu usasse protetores auriculares e, desta forma, consegui até ir ao cinema.
Há um ano minha fadiga piorou e acho que consequentemente o meu andar também parece que tenho que fazer mais força para dar um passo. E o que fiz?! Novamente não pensei duas vezes para achar uma solução: eu iria andar com uma cadeira de rodas, mesmo precisando de alguém para me empurrar.
Porém agora ela não é mais suficiente, pois quero ter a minha autonomia de volta e não depender de mais ninguém e para isso preciso de uma cadeira de rodas motorizada! URGENTE! Quero poder ir até a padaria que fica na esquina de casa e comprar um cará (pão típico aqui da minha cidade - Santos) para o café da manhã sem ter que pedir ajuda.
Aprender a respeitar os meus limites e conviver com eles foi uma ótima maneira de melhorar a minha qualidade de vida! Tudo isso sem me importar com julgamentos e sempre, sempre pensando no melhor! O Caio Augusto Leite diz assim: "As possibilidades são mínimas, mas as esperanças são infinitas". E eu concordo plenamente.

Priscilla Moreira



Sou Priscilla Moreira, uma caiçara que completa 26 anos, todos os anos, há 10 anos. Sou esclerosada, sim! Caduca, senil ou gagá, não! Por ser tão sincera, às vezes me falta o tato, porém me sobram bom humor e otimismo. Amo cachorros (muito mais a minha Manux) balões de aniversário e amoras. No mais, vou seguindo a minha caminhada... desconstruindo preconceitos e tentando ser justa o máximo possível.

15 comentários:

  1. Penso e procuro agir como vc! Só não pego a cadeira de rodas, por ser um trambolho que não vai passar em nenhuma porta aqui de casa ! rs

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    1. Oie Isamara, tudo bem?!? O conceito de desenho universal, não é muito utilizado por aqui. Por isso, infelizmente ainda temos muitas barreiras a transpor, tanto as arquitetônicas quanto as atitudinais... o que é péssimo pq gera a exclusão social! Mas não podemos nos abater, não! Temos que enfrentá-las sempre! ;)

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  2. Que lindo, que exemplo de superação você é, te amo gaivota ❤❤❤❤❤

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    1. Vcs migues, são lindos! Obrigada pelo apoio que vc sempre me deu! <3 <3 <3

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  3. Essa é a Priscila que conheço desde os tempos do colegial. #guerreira

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  4. Eu amei o texto Pri!!!
    Parabéns! Gaivota corajosa ����

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    1. Thais... tu tb, obrigada pela força de sempre! Amo vcs gaivotas! E tá na pele! <3 <3 <3

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  5. Amei... me identifiquei em cada parágrafo... a mim só falta os demais,aceitarem que quanto mais me proprivarem de tentar sozinha mais vão me esclerosar.

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    1. Fico feliz por vc ter gostado Mônica, obrigada! É complicado mesmo... ás vezes as pessoas que nos rodeiam tendem a a nos superproteger, principalmente a família. Que tal, uma conversa sincera com eles explicando como vc se sente em relação a tanto excesso!?! Talvez resolva! ;)

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  6. So tenho duas palavras a dizer sobre você e seu desabafo: amor e luz. Tenho orgulho de voce minha amiga muito orgulho bjos tata

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    1. Gii... obrigada pelo carinho e preocupação!!! Tu é uma querida! :*

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  7. Oi querida,eu ainda não tenho diagnóstico fechado,mas sinto tudo isso que vc descreveu.
    JÁ me desesperei porém hj levo na Boa...Tento rir de mim meama pra não enlouquecer.
    Procuro viver um dia de cada vez,vou levando e parece que está dando certo.kkkk
    Fazer o quê? Explicar e tão difícil já que nem eu me entendo.
    Fica bem amada.

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