segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A vida que escolho viver...


Fonte: http://obviousmag.org/carpinteiros_do_universo/2017/atreva-se.html

Há quem pense que quando nos propomos a seguir vivendo apesar do diagnóstico da EM que, em nós, os sintomas da patologia são mais leves ou inexistentes. Não pode haver engano maior. Somos tão assolados pela nossa companheira múltipla como todas as demais pessoas que a possuem.

Falando por mim, as dores, fadiga e todo o restante da pesada bagagem continuam presentes (muito presentes) em minha vida. Existem dias realmente complicados, dias em que faço um esforço sobre-humano para honrar compromissos inadiáveis e, no dia seguinte, acabo pagando um preço alto, acrescido de juros abusivos e correção monetária por não respeitar os limites que a esclerose múltipla tenta impor.

Minha neurologista me dá “puxões de orelhas” praticamente em todas as consultas porque  vou quase sempre além do que deveria. Ela acompanha minha movimentação na ABCEM e o que não fica sabendo minha irmã sempre conta (rsrs). A bronca vem em dobro.

Levo uma vida muito ativa, talvez mais do que o recomendado, mas eu não me permito parar e, confesso, que por um medo que me ronda desde o dia em que soube o que estava me acompanhando por quase uma vida, o medo da dependência. Eu tenho muito medo de perder minha autonomia, medo de parar e criar raízes, medo de me entregar à autopiedade, medo de deixar a EM dar as cartas...

Penso que talvez seja por isso que me esforço para não desistir dos meus projetos, que me dedico tanto ao voluntariado, que exijo tanto de mim (sou extremamente perfeccionista em tudo que me proponho a fazer). Estou certa em agir assim? Não sei, a única certeza que tenho é de que não há certo ou errado, que cada ser humano é único, que as formas de enfrentamento são as mais diversas possíveis e que cada um convive da melhor forma que lhe é possível com a EM.

Bete Tezine


Advogada





Nascida em Santo André, 49 anos, mãe de dois filhos (Carol e Guilherme), advogada, professora de artes plásticas, atual presidente da ABCEM e esclerosada oficial há 68 meses.






Um comentário:

  1. É isso aí Bete! A esclerose me mostrou que não devemos desistir nunca, sempre fazer as coisas para nosso corpo não parar !

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