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O objetivo deste artigo é trazer uma reflexão
para pacientes com diagnóstico da Esclerose Múltipla (EM), incentivando seus
pensamentos à realidade na sua unidade,
considerando os aspetos biológicos e psicológicos.
O psíquico influencia o
corporal, há um reflexo do psíquico no corporal, existe uma interligação e
unidade dos aspectos relacionais biológicos e dos relacionais psicológicos.
A psicossomática é a ciência
que estuda as doenças orgânicas com descarga no corpo, isto é, uma lesão de
órgão ou sistema provocado por alguma disfunção do sistema nervoso.
Só há descarga no corpo
quando a pessoa ainda não tem capacidade para pensar, quando não há mediação
das pulsões pelo pensamento e ainda não há capacidade de simbolização. Assim,
funciona à base de estímulo/resposta, em que a resposta é dada pelo corpo em
forma de uma doença.
Para que uma doença possa
ser designada como doença psicossomática, tem que existir lesão de órgão, se
manifestar no corpo com sintomas e lesões físicas ou de sistema provocados pela
incapacidade de elaboração das tensões psíquicas, mas cuja a causa principal se
origina na mente, em conflitos emocionais ou psicológicos. Ou seja, é diferente
de “somatização” porque nesta não há lesões detectáveis, seja por exame médico
físico ou laboratorial.
Estas doenças são consequência
da inversão pulsional sobre o organismo. Os impulsos em vez de se descarregarem
pelo comportamento sobre o exterior são dirigidos para o interior, um ato
orientado para dentro, o agir através dos órgãos internos.
Sempre que o sofrimento psíquico não é suficientemente
expresso em nível afetivo e ideativo, por emoções e pensamentos, comunicado em
palavras e expresso em atos, a saúde física periga e o caminho para a doença
está aberto.
Existem diversas áreas de doenças consideradas psicossomáticas, tais como:
- As doenças alérgicas que têm uma especificidade própria. O corpo produz anticorpos que causam um excesso de reação. Por exemplo, o eczema, a asma, a febre dos fenos, a dermatite atópica e a urticária.
- Doenças autoimunes como, por exemplo, a diabetes, a doença de khron, a epilepsia, a alopecia (queda de cabelo) e a esclerose múltipla.
- Cancerologia - está provado que em diversos cancros há um componente psicológico e muitos deles surgem após uma depressão ou uma perda de alguém amado.
Para a psicossomática a EM é considerada
uma doença autoimune, ou seja, a própria pessoa, inconscientemente, pode se
punir. Para entender isso, é preciso lembrar que o inconsciente transmite suas
mensagens através dos sonhos e/ou do corpo e que sua linguagem é
simbólica.
Lembre-se que estamos falando de conteúdos
inconscientes e este busca sempre o aprendizado e o crescimento, independente
do caminho. Sugiro que cada um faça uma análise profunda sobre cada um de seus
sintomas e considere que a interpretação feita aqui, é uma hipótese do que o
inconsciente deseja mostrar.
Todos os sintomas geralmente estão
relacionados com o histórico de vida de cada um e creio que entendendo a origem
de seus sintomas e, relacionado-os com seu jeito de ser, é possível se tornar
um ser ativo para maior entendimento, aceitação e melhor qualidade de vida.
O objetivo do inconsciente é fazer com que a pessoa entenda os motivos de seus sintomas e que eles provoquem uma mudança no padrão de comportamento. Entendido isso, muita coisa pode mudar.
O objetivo do inconsciente é fazer com que a pessoa entenda os motivos de seus sintomas e que eles provoquem uma mudança no padrão de comportamento. Entendido isso, muita coisa pode mudar.
Segue algumas interpretações de alguns
sintomas:
- Dificuldade de expressar a raiva: pode se manifestar pela asma, hipertensão arterial etc;
- Dificuldade de expressar sentimentos: pode se manifestar em prisão de ventre (constipação intestinal);
- Pessoas muito “perfeccionistas” e “estressadas”: pode manifestar enxaquecas frequentes;
- Tendência a reprimir emoções por muitos anos: podem desenvolver câncer (de acordo com estudo de cientistas como B. Siegel, Lawrense Leshan etc);
- Pessoas com dificuldade de chorar: pode desenvolver doenças de pele, com lesões dermatológicas que produzem secreções;
- Pessoas que reprimem muito seus sentimentos: podem ter doenças degenerativas, como câncer, diabetes, esclerose múltipla etc;
- Pessoas mais explosivas: podem ter doenças como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial;
- Pessoas que assumem responsabilidade exageradamente na família: podem desenvolver fibromialgia.
Corpo e mente funcionam em harmonia de tal
modo que quando algo é pesado para a mente carregar, em termos de tensão
nervosa, é como se o corpo oferecesse ajuda para a mente, e por estar pesado lidar com o sofrimento mental, a mente recorre ao corpo. E, então, a mente
“joga” para o corpo parte de sua tensão e o corpo começa a apresentar
sintomas que são psicossomáticos.
Há alguns estudos que dizem que quanto mais a
pessoa tem dificuldade de tomar consciência de suas emoções, principalmente as
dolorosas e desagradáveis, é mais provável que ela apresente sintomas
psicossomáticos, pois o corpo absorve tais sentimentos que a pessoa se sente
inapta para vivenciá-los em nível consciente.
Muitos dos sintomas e surtos da esclerose múltipla podem ser interpretados utilizando o conceito da psicossomática.
Trazer para seu consciente estas manifestações poderão te ajudar a compreender
muitos dos seus sintomas e amenizar suas queixas de surtos através de mudanças
de comportamentos e pensamentos.
A estrutura da personalidade, com desejo de
controlar e planejar tudo com antecedência, mostra através dos sintomas o quanto
isso se torna difícil e angustiante. A rigidez e as concepções fixas contrastam
com a tendência de fazer justiça a tudo. Com isso, muitos pacientes de EM negligenciam
suas próprias necessidades, podendo os tornar internamente irados. Incapazes de
impor-se e externar agressões, eles a dirigem para dentro, contra si mesmos, o
que explica a doença como autoimune.
A
tarefa não pode estar em mais entrega às exigências do meio ambiente, mas em
primeiro lugar em uma entrega às próprias necessidades. O endurecimento e a
rigidez que são características comuns das pessoas com EM mostram ainda o
quanto é necessário buscar a flexibilidade, soltar, aliviar, relaxar e não mais
controlar e querer fazer tudo, sobrecarregando mente e corpo.
Os
próprios sentimentos, sonhos e seu espaço vital tornam-se tarefa de vida, como
tocar e sentir o mundo interno que muitas vezes foi negligenciado. A
autorreflexão de cada sintoma pode fazer com que cada paciente supere muitos de
seus próprios preconceitos e limites e perceba o aprendizado que se pode, e
deve-se, aprender com a EM.
A
interpretação junto com um profissional da psicologia pode facilitar esse
processo de aprendizado, transformação e evolução.
AVALIE SE VOCÊ TEM UM PERFIL PSICOSSOMÁTICO:
O questionário abaixo foi elaborado, a pedido
da VEJA, pela psicóloga Marilda Lipp, do Centro Psicológico de Controle do
Stress. Responda às perguntas e verifique se o seu modo de sentir e agir é o de
uma pessoa suscetível à somatização.
Lembre-se de que o diagnóstico preciso só pode ser feito
por um especialista.
Responda Sim ou Não:
1 . Às vezes choro sem conseguir entender exatamente o porquê
2 . Consigo disfarçar muito bem quando estou com raiva
3 . É fácil para os outros perceberem se estou feliz
4 . Ás vezes me pego sonhando acordado(a)
5 . Não tenho dificuldade para nomear aquilo que sinto
6 . É bom "fantasiar" um pouco sobre as coisas
7 . Gosto de conversas objetivas e diretas
8 . Frequentemente, fico confuso(a) sobre qual emoção estou sentindo
9 . As pessoas mais próximas de mim têm dificuldade de entender como me sinto
10 . A raiva é o sentimento mais frequente em minha vida
11 . Acho que é uma perda de tempo ficar me perguntando sobre o porquê das coisas
12 . Quase não sonho quando durmo
A) Se você respondeu "sim" às
perguntas 1, 2, 7, 8, 9, 10, 11 e 12, some 1 ponto para cada questão.
B) Se você respondeu "sim" às perguntas 3, 4, 5 e 6, some 1 ponto para cada questão.
B) Se você respondeu "sim" às perguntas 3, 4, 5 e 6, some 1 ponto para cada questão.
Em seguida, faça a subtração A - B. Se o resultado dessa subtração for:
Até 3: seu perfil não se parece com o de
pessoas que sofrem de doenças psicossomáticas. Você provavelmente é o tipo de
pessoa que está em sintonia com suas emoções.
De 4 a 5: você tem alguma dificuldade de
identificar ou nomear as suas emoções. Isso pode resultar em algumas
manifestações físicas. Aprender a identificar e dar vazão ao que sente o
ajudará a não sofrer desconforto físico diante de problemas que são, na
verdade, mais de origem psicológica do que biológica.
6 ou mais: ao que tudo indica, você tem muita
dificuldade para entender o que se passa em seu íntimo, de nomear suas emoções
e de admitir o que sente. Seu corpo provavelmente mostra sinais de desgaste
diante de tanta emoção reprimida. Recomenda-se procurar ajuda especializada.
*Toda doença deve ser tratada com um médico.
O acompanhamento psicológico deve ser feito concomitante a ele e nunca
exclusivo.
Cibele Cintra Sousa
Psicóloga - CRP: 06/66128
Fontes de referências bibliográficas:
Graduação em Psicologia (2001), Coach de Carreiras, MBA em Gestão Estratégica em Desenvolvimento de Pessoas.
Atuação em Psicologia Clínica: Avaliação Comportamental e Análise de Perfil Psicológico.
Psicóloga integrante da ABCEM para apoio e contribuições ao grupo de pacientes com Esclerose Múltipla.
Atuação em Recursos Humanos Estratégico: Consultora de RH na assessoria de projetos em Desenvolvimento de Pessoas e Coach.
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