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Devemos aceitar o que é impossível deixar de acontecer.
(Shakespeare)
Acredito
que viver com qualquer doença crônica e incurável traga mutações imensuráveis
para a vida de qualquer pessoa.
Aceitar
e conviver com uma enfermidade que limita, remodela e, muitas vezes, incapacita para uma série de atividades tão corriqueiras anteriormente não é uma tarefa fácil, pelo contrário, é mesmo árdua
e necessitamos de muita força de vontade, de muito equilíbrio emocional e
espiritual para aceitar essa nova condição de vida e nos adaptar a ela.
Por
outro lado, se a nossa própria convivência com a doença já é uma missão muito pesada, o que dizer então da
convivência dos que nos rodeiam com ela? Realmente não é nada fácil, uma vez que
aceitação não é apenas primordial a nós, pacientes, mas necessário se faz que
ela aconteça na vida de todos aqueles que convivam conosco. E, isso, na minha
concepção, é o mais difícil de todo o processo.
Conviver
com o paciente, aceitar sua nova condição, compreendê-lo e apoiá-lo
incondicionalmente não é algo que acontece com a frequência que deveria, pois, muitas vezes, o que ocorre é um constante estado de negação por parte dos familiares.
A
negação, portanto, não é exclusividade do paciente.
Eles
não se informam acerca da doença. Eles não a abordam. Eles tentam, a todo
custo, ignorar a sua presença em nossas vidas, o que só nos faz sofrer ainda
mais. Nos faz sentir menosprezados em nossa dor. Nos faz sentir menos amados.
Mas embora isso nos fragilize muito, essa é uma reação normal e esperada,
pois ao negarem a enfermidade, nossos entes queridos
acreditam que ela deixará de existir e, não falando abertamente sobre
ela conosco, acreditam, também, que nos pouparão de mais dores e angústias.
Porém, negar indefinidamente não é o que se espera, uma vez que a aceitação por parte
daqueles que nos rodeiam é o que faz com que consigamos forças para
prosseguir dentro da maior normalidade possível.
Sendo assim, é imperiosa a necessidade de que a família busque informações, que procure
entender o que se passa conosco, que tente se colocar em nosso lugar com a
finalidade de ver a doença sob o nosso ângulo de visão. Desconversar,
fingir que não está vendo ou tentar minimizar a importância que a patologia tem
em nossas vidas não vai fazer com que ela desapareça, mas apenas fará com que
doa mais em nós e nos dê a impressão de que estamos sendo negligenciados.
Aceitar e se adaptar não é fácil para ninguém, mas quem disse que é fácil se submeter aos desígnios da vida? Quem disse que é fácil conviver com tudo
aquilo que nos tira da nossa zona de conforto?
Realmente nada disso é simples, mas o caminho para superação é a informação, é a
interação com os sintomas, com as características, tratamentos e conflitos
emocionais que se instalam depois do diagnóstico, pois, só assim, nos
sentiremos respeitados e compreendidos em toda dimensão do que se descobrir acometido por uma doença incurável provoca em nós.
Bete Tezine
"A arte, em todas as suas formas de expressão, tem o poder de mudar os rumos de uma história que desde o começo estava fadada ao fracasso..."
Com o tempo as pessoas se "acostumam" com a situação e se cansam, se colocar no nosso lugar não é "estar" no nosso lugar, logo nunca saberão como nos sentimos, portanto o que permanece é a dor da incompreensão além de todas as outras sentidas.
ResponderExcluirMARAVILHOSO ! BETE.......
ResponderExcluirSabe Bete e Complicado lidar com essas limitações ainda mais no meu caso que alem de esclerose multipla tenho Hemofilia. mas não desistimos!
ResponderExcluirOlá! eu vivo isto e parecia ser apenas com a minha família o caso, deixa de doer tanto quando descobrimos que é normal a atitude de familiares.
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